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Ser dono do próprio negócio traz muitas recompensas, mas também desafios que podem desmotivar até os mais determinados. Desde a instabilidade financeira até a necessidade de desenvolver múltiplas habilidades, o caminho do empreendedorismo exige preparo e resiliência. Neste artigo, vamos abordar os principais obstáculos enfrentados pelos empreendedores e compartilhar estratégias para superá-los.
1. Instabilidade financeira
Enquanto no emprego CLT há um salário fixo mensal e benefícios, ter o próprio negócio envolve lidar com variações constantes de receita. Nos primeiros meses (ou anos, dependendo do tipo de empreendimento), pode ser difícil garantir um fluxo de caixa previsível, tornando essencial uma boa gestão financeira e um planejamento para tentar reduzir problemas.
Além disso, é comum que o lucro demore a aparecer, já que o negócio ainda está conquistando clientes e consolidando sua posição no mercado. Por este motivo, é recomendável que seja feita uma reserva financeira antes de empreender, possibilitando que seja mantido um planejamento para atravessar essa fase com mais segurança.
Um ponto importante nesse início é a limitação do pró-labore, que é a remuneração do empreendedor pelo trabalho na empresa. Ele deve ser o menor possível, permitindo que a maior parte do lucro seja reinvestida no crescimento do negócio. Muitos empreendedores cometem o erro de retirar altos valores da empresa assim que o lucro começa a aumentar, comprometendo a saúde financeira da empresa e, consequentemente, seu crescimento.
2. Alto volume de trabalho
É muito comum, principalmente no início de um negócio, que empreendedores acumulem diversas funções, como vendas, atendimento, marketing, financeiro e outras. Isso pode gerar sobrecarga e exigir disciplina para equilibrar trabalhado e vida pessoal.
Caso a empresa tenha sido iniciada com sócios e/ou já tenha prevista a contratação de algum funcionário, é muito importante analisar quais habilidades cada membro da equipe possui para que seja feita a separação de forma inteligente e otimizada.
3. Burocracia e tributos
Empreender no Brasil exige lidar com uma alta carga burocrática, que pode ser um grande desafio para quem está começando. A abertura de uma empresa envolve diversos processos, como a obtenção do CNPJ, o registro em órgãos específicos e o cumprimento de regulamentações locais e federais.
Além disso, os impostos são complexos e variam conforme o porte e o setor do negócio, exigindo um controle rigoroso para evitar problemas fiscais.
Muitos empreendedores enfrentam dificuldades para entender a legislação tributária e acabam pagando mais do que o necessário ou, ao contrário, cometem erros que resultam em multas. Para minimizar esses problemas, é fundamental contar com um bom contador e manter a organização fiscal em dia, garantindo que a empresa cumpra todas as obrigações legais e evite surpresas no futuro.
4. Dificuldade em conquistar clientes
Atrair clientes é um dos maiores desafios de qualquer novo negócio, independente se ele for físico ou digital. No início, a empresa ainda não possui reputação consolidada (os potenciais clientes não conhecem o produto ou serviço), dificultando que escolham a sua empresa ao invés de algum concorrente.
Além disso, muitos empreendedores subestimam a importância do marketing digital, acreditando que ao abrir as portas de seu negócio ou por criarem um site para ele, automaticamente os clientes chegarão sozinhos, “caindo do céu”.
Investir em marketing digital, redes sociais, anúncios pagos, parcerias e estratégias de vendas pode acelerar esse processo de aquisição de clientes. Conforme novos clientes forem chegando e tiverem uma boa experiência com seu produto ou serviço, o marketing boca a boca também começa a acontecer e fortalecer na divulgação.
5. Concorrência
Independente do setor escolhido para atuar, a concorrência é uma realidade. Empresas já consolidadas possuem clientes fiéis, processos otimizados e maior capacidade de investimento, podendo ser uma barreira de entrada de novos negócios no mercado.
Além disso, em mercados muito disputados, a guerra de preços pode se tornar um problema, pois muitos pequenos empreendedores acabam reduzindo seus preços para competir, sem considerar seus custos e, isso pode comprometer a saúde financeira da empresa.
Isso se deve ao fato que empresas maiores conseguem reduzir preços de forma mais agressiva realizando economia de escala (produção ou compra de alta quantidade por preços mais baixos), estrutura operacional otimizada (processos mais eficientes e custos fixos diluídos), poder de negociação com fornecedores (prazos de pagamentos melhores, otimizando o fluxo de caixa), diversificação de receitas (não dependem de um único produto ou serviço para sobreviver, podendo reduzir de forma estratégica o preço para atrair clientes e lucrar com outros produtos/serviços em conjunto), capital de giro (conseguem sustentar períodos de baixa rentabilidade sem quebrar), entre outros.
A melhor maneira de enfrentar a concorrência neste cenário inicial não é apenas pelo preço, mas sim pela diferenciação. Ou seja, o cliente optará comprar com sua empresa por um atendimento excepcional, um produto inovador ou uma experiência única. Encontrar um diferencial competitivo é essencial para conquistar espaço no mercado.
6. Gestão de equipe e contratação
Conforme o negócio cresce, novas demandas surgem, sendo inevitável que sejam feitas as primeiras contratações de funcionários. Este processo envolve encontrar bons profissionais no mercado, treiná-los e garantir que estejam alinhados à cultura da empresa.
Muitas vezes empreendedores cometem o erro de realizar a contratação de forma impulsiva, sem um planejamento adequado de habilidades e conhecimentos necessários para suprir as necessidades da empresa e também sem alinhamento com os valores do negócio. Isso pode gerar alta rotatividade e problemas operacionais, além do custo de tempo e dinheiro investidos nestes profissionais.
É essencial que empreendedores desenvolvam a habilidade de liderança para gerir pessoas, comunicação clara e assertiva e também motivação para garantir que a equipe esteja engajada e produtiva.
7. Aprendizado contínuo
Muitos empreendedores acreditam que apenas a paixão pelo negócio é o suficiente para o sucesso. Porém, sem conhecimento sólido de administração, planejamento financeiro e estratégias de crescimento, o negócio pode ficar estagnado ou até mesmo ir à falência.
Por conta disso, para ser um empreendedor, principalmente no começo do negócio, é importante haver aprendizado contínuo, focando um pouco em gestão, vendas, marketing, finanças, tecnologia e inovação.
Existem diferentes meios de adquirir conhecimento, muitos deles de graça na internet. Os mais comuns são cursos, livros, mentorias e networking com outros empreendedores, que são meios muito eficazes para manter-se atualizado e evitar erros comuns.
8. Risco de falência
No Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE com empresas fundadas em 2017, cerca de 24% das empresas fecham em seu primeiro ano de vida e cerca de 62% dos negócios fecharam nos primeiros 5 anos de existência.
Outra pesquisa, realizada pela gestora de negócios Unio Company, mostrou que cerca de 50% das empresas no país não chegam a 5 anos de existência.
Os motivos para o fechamento são variados, sendo os principais: falta de planejamento, má gestão financeira, dificuldade em conquistar clientes e não adaptação às mudanças do mercado. Na pesquisa realizada pelo IBGE, é importante observar que entre 2020 e 2022, o percentual de fechamento de empresas foi maior devido à pandemia.
Essa informação não é para desanima-lo(a), mas sim reforçar sobre a importância de se atentar a estes dados. Empreender envolve riscos, mas é possível minimiza-los através de um plano de negócios bem estruturado, gestão eficiente e análise constante do mercado. Quem não inova ou não se destaca, acaba ficando para trás.
Outro erro comum é de misturar finanças pessoais com as do negócio, que pode gerar confusão e levar à falta de controle no médio a longo prazo. Além disso, principalmente no começo, é importante que o máximo possível do lucro seja reinvestido no próprio negócio, para que ele tenha saúde financeira e possa tracionar mais rapidamente e com maior segurança. Mantenha, de forma clara, separado o que é da empresa e o que é da pessoa física.
9. Equilíbrio entre vida pessoal e profissional
No início de um negócio, é comum que o(a) empreendedor(a) se dedique muito ao negócio, trabalhando longas horas e sacrificando momentos com família e amigos. Isso pode gerar impactos negativos na vida pessoal e até acarretar em problemas de saúde.
É importante, com o tempo, aprender a delegar e estruturar processos eficientes para ajudar a reduzir a sobrecarga. Encontrar um equilíbrio saudável é essencial para evitar o burnout e garantir que a jornada empreendedora seja cada vez mais promissora.
Empreender é uma jornada repleta de desafios, mas com planejamento financeiro, estratégias de marketing eficazes e diferenciação no mercado, é possível superar as dificuldades e alcançar o sucesso. A chave está em aprender continuamente, adaptar-se às mudanças e, acima de tudo, manter um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal. Lembre-se: os obstáculos fazem parte do processo, mas com resiliência e uma boa gestão, cada dificuldade superada é um passo em direção ao crescimento do seu negócio.